15 de mai. de 2011

Caetano Veloso - Álbum Branco (1969)


Sentimento de desterro, de inadequação, de saudade. Relação de identidade que só acontece na distância de todos os valores referenciais. Liberdade que aparece nos temas de viagem, risada e mar. Para mim, esse é o Álbum Branco, de Caetano Veloso (que, na verdade, se chama Caetano Veloso)
Ainda que se fale muito no caráter tropicalista deste disco, antropofágico e misturado, eu vejo nele um pedaço grande de Bahia, muito além do sotaque forte que marca todas as vozes das canções. Vejo nele essa parte da identidade que muitas vezes só é encontrada quando se está longe de si.
Para mim essas músicas tem um sabor particular de saudade da infância e de uma série de situações específicas vividas com meu pai. Hoje, o sentimento de inadequação descarado que está em Marinheiro Só e Objeto não Identificado divide espaço com a necessidade de festa do hit Atrás do Trio Elétrico e com os desejos simples como querer "ver Irene dar sua risada".
Pessoalmente, a despeito da nostalgia e das marcas pesadas que acompanham a composição do disco, tão fortes em canções como The Empty Boat e Os Argonautas (um fado belíssimo, por sinal), Caetano Veloso me remete a uma esperança que está lá atrás, acima de todos os maus momentos vividos, na voz do coral infantil, na risada do velho amigo Gilberto Gil, na alegria inerente a Jorge Ben Jor.
Caetano Veloso é aquilo que eu ouço quando acordo sabendo que é dia de começar tudo de novo.

Link para download aqui. A quem tiver oportunidade, recomendo uma audição em vinil.

2 comentários:

  1. Tenho 28 anos e desde cedo coleciono vinis..tenho esse vinil original aqui comigo e concordo em gênero,número e grau com o que foi postado no texto;é,pra mim,um dos melhores discos do caê.E em Lp é fantástico!

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